15. EXPERIÊNCIAS VIVIDAS: BATEDOR HUMANO

Conversando hoje com o meu amigo João Wilson Rodrigues Paes, lembramos uma passagem muito curiosa, acontecida no ano de 1.986. Ele era o chefe de seção da produção na mineração e eu chefe do departamento da manutenção. Trabalhávamos na Fábrica de Cimento Rio Branco, pertencente à Votorantim Cimentos em Rio Branco do Sul – PR.

Um dia, o “queixo” (mandíbula móvel) do britador primário da Mina Itaretama, trincou. Deu um trabalho danado para desmontar, transportar até a fábrica para recuperar com solda e depois enviar para o fabricante “Faço” em Sorocaba, para “normalizar” (alívio de tensões). Até aqui, tudo normal para uma situação de manutenção, mas o nosso estoque de calcário estava reduzindo rapidamente e as nossas tensões, aumentando.

Merecia ser contado sobre o empréstimo que fizemos da Itaipu Binacional, pois lá o Superintendente era um amigão meu e colega da turma de engenharia, Eng. Juarez Zaleski. Ele nos emprestou, sem custo, a peça que eles tinham de reserva. Única n Brasil! Pagamos somente os fretes de ida e volta para Foz do Iguaçu. Mas isso é uma outra façanha onde a amizade rompe barreiras!

Finalmente chegou a peça recuperada numa sexta feira à noite (houve um atraso no transporte). No sábado pela manhã, nosso time estava a postos, com a disposição de leões para voltar com a produção à normalidade.

Não tínhamos batedor para acompanhar a frente e a traseira da carreta rebaixada. Não tivemos dúvida. O carro batedor foi atrás e o João Wilson e eu fomos correndo na frente da carreta pilotada pelo nosso amigo Wilson Pedro Gutseit, chefe da seção de máquinas e veículos, desde a subida do Agenor até a entrada da mina. A estrada era muito sinuosa e estreita para uma peça que ultrapassava a largura da carreta rebaixada! Haja fôlego e determinação para percorrer correndo 22 km. Nem eu sabia que aguentaria esse esforço! O João Wilson era caçador e isso foi fácil para ele! Funcionamos como verdadeiros BATEDORES HUMANOS! A boa notícia é que não faltou matéria prima na fábrica.

Fico louco para fazer uma pergunta, mas acredito que o melhor é não fazer, pois pode lhe incomodar e deixá-lo bravo! Mas também não resisto perder esta oportunidade para fazer!

“Você faria isso por sua empresa, nos dias de hoje?”

Outra coisa que tenho certeza absoluta: quase ninguém em toda a Votorantim Cimentos, ficou sabendo disso. E quem soube, nunca nos agradeceu! Não importa! Fizemos no fiel cumprimento de nossa obrigação!

Nossamoral era extremamente elevada e sentíamos muito orgulho do dever cumprido!

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