50. EXPERIÊNCIAS VIVIDAS – FÁBRICA E COMERCIAL – FÁBRICA ITAJAÍ – SC – VOTORANTIM CIMENTOS

Você deve estar estranhando o por quê de eu estar falando mais intensamente nestes últimos dias, de uma moagem com somente um moinho de cimento, três ensacadeiras, um silo de cimento e depósito de cimento ensacado nosso e da Rio Branco. Fui gerente geral de fábricas muito grandes, como a Rio Branco, Santa Helena e Salto. Por que falar de Itajaí? Vou simplificar e lhe deixar entender facilmente. Tínhamos somente duas áreas funcionando nesse local. O comercial com vendas e expedição, que era gerida pelo meu amigo Anor Filipi e a fábrica, gerida por mim com todos os diversos setores, inclusive a qualidade. Tudo era simples e rápido para agir sem burocracias e vedetismos. Quem nos mandava era um só: o CLIENTE. Visitei muitos clientes e se porventura um reclamasse de qualquer coisa, lá ia eu com o comercial, analisar a causa. Com eles fiz palestras no Sinduscon e Área, participava de festas e eventos e tudo o que me convidassem.

Minha rotina era simples. No início de cada jornada, parava no estacionamento externo da fábrica, ao lado da expedição e começava o dia por ali. Ficava sabendo das vendas, problemas ocorridos, reclamações e sugestões e estoques de tudo o que tínhamos. Nossa parceria com o comercial era fraterna e franca, com o objetivo único de melhor atendimento ao cliente. Quando eu ia para a fábrica, girava de carro por todos os arruamentos e pátios. Como a fábrica era pequena, isso durava poucos minutos. A mínima anomalia perceptível, acionava o “dono da área”. Via o que ocorreu, qual o plano de ação de correção e o que iria ser feito para a não repetição daquele erro. Deve estar se perguntando: nunca mais erravam? Corrigiam para sempre? Você sabe, que tudo é dinâmico e que se não estiver usando a “visão crítica calibrada” para prevenção de falhas, elas acabam acontecendo. Esse era um dos nossos maiores cuidados. Atingir a Falha Zero, Quebra Zero, Acidente Zero, Defeito Zero e Desperdício Zero.

Aprendi a conversar mais com os motoristas, pois eles são formadores de opinião e o elo de ligação entre a fábrica e os clientes. Muitos dos motoristas, eram os donos do negócio da venda do cimento.

Apesar de ser um TIME muito pequeno (reduzimos de 124 para 51 colaboradores contando comigo), treinamos exaustivamente em: Análise de Problema, Análise de Problema Potencial, Análise de Situação (Priorização), 5 por quês, Kaizen, TPM – Manutenção Produtiva Total, Sistema da Qualidade, 5 Ss e por aí afora, sempre pensando em COMPETITIVIDADE. Essa era uma obsessão positiva.

Um enorme problema que tínhamos quando eu comecei a trabalhar lá, era a área da ensacadeira. Os colaboradores eram terceirizados e uma fonte inesgotável de problemas, de toda natureza. Acabamos com esse pesadelo e foi um grande peso na redução do nosso quadro a que me referi e de custos! Ficamos com um TIME capaz, bem treinado e COMPROMETIDO. Introduzimos ginástica laboral e eu fazia isso com eles pela manhã e após o amoço. Logo ap´s a ginástica laboral da manhã, participava dos 5 minutos de segurança. Daí o dia começava para valer. Tínhamos nesse TIME, alguns dos nossos componentes da Célula de Apoio (altamente estratégico): muitos dos problemas eles já resolviam sozinhos, pois eles eram multi-disciplinares. Até uma válvula de saída de cimento, que vivia dando problema, eles reformaram usando o máximo possível de materiais recicláveis, corrigiram não só o defeito, como usaram materiais anti-desgaste para aumentar a vida útil desse componente e outras melhoria pertinentes. Fizeram a “extensão do reparo”, para as demais semelhantes. Nosso lema era o de “intolerância” com vazamentos e desperdícios. Direto na “causa raiz” e kaizen (melhoria contínua)!

O nível de todos os pisos da moagem e ensacamento, foram pintados e qualquer vazamento, por mais insignificante que fosse, era percebido e a causa eliminada. Pode parecer exagero, mas dava para se deitar no chão, sem se sujar.

Aproveito para contar um fato real e paro de falar por hoje. Prometo! Na Rio Branco, o chefe da seção de produção chamava-se Geraldo, Já havíamos trabalhado juntos por vários anos. Eu sempre o convidava para ver como era em Itajaí, pois sofremos muito juntos na ensacadeira da Rio Branco até corrigirmos muitos problemas. Eu falava sempre sobre a limpeza da fábrica toda. Ele sorria e sempre dizia que eu exagerava. Que ele duvidava que fosse como eu contava. Um dia ele foi me visitar. Estava tudo normal na visita de campo e ele quieto e com cara de admirado. Aquilo me incomodou, mas fiquei na minha. De repente eu o vi no chão, deitado de costas, fazendo o movimento que as crianças fazem brincando na neve. Um anjinho batendo asas. Pensei inicialmente, que pudesse estar passando mal, mas vi que não era isso, mas não entendi nada. Dai ele se levantou e me disse, o que foi um dos maiores elogios que eu recebi nos meus 29 anos de Votorantim Cimentos: “nunca imaginei na minha vida, que eu poderia me deitar no piso de uma ensacadeira, sem me sujar”! Me cumprimentou efusivamente e todos os que nos acompanhavam. Não precisa dizer da nossa FELICIDADE!

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