Muitos amigos me perguntaram por que fizemos treinamento de rafting na antiga Célula de Apoio de Itajaí e Célula Auto Gerenciável de Santa Helena e Salto (a origem foi a Brigada de Incêndio, depois de Brigada de Emergência)? E outra questão foi: por que não fizemos treinamento similar nas das Fábricas da Rio Branco do Sul e Itaperuçu?
Na de Rio Branco e Itaperuçu é simples a resposta: não havíamos pensado nas grandes oportunidades que o rafting poderia nos trazer e que lições poderíamos aprender com essa prática esportiva. Para todas as outras, eu vou contar dando antes alguns detalhes.
Recorri à boa memória do então Técnico de Segurança Jose Vitor (hoje Administrador de Empresas) que era o nosso instrutor de todas as brigadas e a do então Programador de Manutenção (hoje Engenheiro Elétrico e com pós em Engenharia do Trabalho) Josias Costa, que era um jovem em início de carreira na Fábrica de Itajaí – SC ambas pertencentes à Votorantim Cimentos. Vamos falar de duas experiências diferentes, na mesma cidade de Ibirama – SC, relatadas pelo Josias.
Para ser mais didático, vamos primeiro conhecer a definição de rafting: “descida de rios com corredeiras em botes infláveis”.
Nós víamos o rafting não é só um turismo de aventura, mas sob estes pontos que relacionamos agora para vocês:
- Aprimoramento técnico.
- Condicionamento físico.
- Confiança em si e no TIME.
- Controle da emoção (adrenalina).
- Espírito de equipe.
- Espírito de liderança.
- Integração do TIME.
- Novas habilidades.
- Preservação da natureza.
- Primeiros socorros.
- Segurança pessoal e do TIME.
- Solidariedade na equipe e na comunidade.
- Superação de desafios.
- Trabalho em grupo.
Queríamos também:
- Eliminar a monotonia e sair das rotinas.
- Experimentar outros tipos de vibrações.
- Quebrar paradigmas.
- Superar limites.
É bom que saiba o que tem num rafting:
- Forças mecânicas.
- Cachoeira.
- Colchão d’água.
- Galhada.
- Ondas.
- Refluxo.
- Remanso.
- Sumidouro.
Planejamento Prévio com muita atenção antes do treinamento:
- Ações em caso de anomalias.
- Aquecimento e preparo físico preliminar.
- Conhecimento das técnicas (exaustivamente ensinadas e recicladas).
- Conhecimentos dos perigos (só participavam os que se sentiam seguros).
- Equalização dos grupos dos botes por porte físico.
- Escolha do líder do grupo pelo próprio grupo.
- Obediência ao comando do líder de cada bote.
- Obediência às instruções do líder da empresa contratada.
- Obediência às instruções do líder da Célula de Apoio.
- Regras da competição.
- Todos equipados com os EPIs adequados.
- Todos por um e um por todos.
- Trajeto, dificuldades, duração, ponto de encontro…
Outro ponto relevante era o da confraternização:
- Com os instrutores locais.
- Durante as alimentações.
- Na análise das lições aprendidas.
- Nos trajetos.
Designávamos sempre os responsáveis pelos registros fotográficos e em vídeo.
Vamos falar sobre o depoimento do Josias, para que você possa ver as diferenças nas duas experiências que ele teve: uma com a Célula de Apoio, ainda muito jovem, com a empresa contratada Ativa Aventuras e a outra quando concluiu o curso de engenharia, com a Ibirama Rafting sendo já adulto.
Alguns destaques apontados pelo Josias:
- Primeiro rafting:
- Um brigadista não se sentiu confortável para descer o rio (virou repórter neste evento).
- EPIs mais apropriados e seguros, fizeram a diferença.
- Usaram roupa adequada para enfrentar o frio (era começo do inverno).
- Zero acidente.
- Nenhuma queda do bote (a não ser a forçada, como parte do treinamento).
- TIME preparado, unido e todos se conheciam de outros treinamentos e práticas.
- Disciplina.
- Grau de dificuldade do trajeto escolhido: leve (havia também o médio e o radical).
- Usado somente um bote com capacidade para 10 pessoas.
- Somente homens participaram.
- Reunião para avaliação dos pontos positivos e a melhorar (lições aprendidas).
- Segundo
rafting:
- Forçaram todos os que foram no evento a participar.
- EPIs menos adequados e que trouxeram algumas dificuldades.
- Era verão e não havia risco próprio do frio.
- Dois acidentes, um envolvendo um desmaio de um participante de outro grupo, com uma remada na cabeça.
- Pessoas que não eram conhecidas, por serem estudantes de outros cursos de engenharia.
- Dificuldade de atenção durante as instruções do líder da empresa contratada.
- Grau de dificuldade do trajeto escolhido: radical.
- Não equalizaram os grupos dos botes por porte físico (se agruparam por amizade).
- Falta de experiências anteriores para exercícios em grupo.
- Falta de sincronismo e maior dificuldade de condução dos botes.
- Sem preparo físico adequado.
- Sem reunião de avaliação (o objetivo foi de puro divertimento).
- Participaram homens e mulheres.
Um depoimento muito interessante que o Josias deu, é que enquanto ele trabalhava na Fábrica de Itajaí e pertencia à Célula de Apoio, participou de uma conversação de segurança diária, uma exposição sobre aproveitar todas as oportunidades para o desenvolvimento profissional e pessoal, coisa que carrega com ele até os dias de hoje e que o motivou a fazer o curso superior e a pós graduação. Vai parar por aí? Não. Ainda vai ser Engenheiro de Segurança. Vocês não imaginam como eu fiquei feliz por saber isso da boca do Josias, após 22 anos em que não acompanhei mais a vida dele.
Deixo as conclusões para você que está nos lendo, mas antes quero comentar sobre um ponto de vista apontado pelo Josias: “mulheres são mais eficazes que os homens, no rafting”segundo os instrutores da segunda empresa contratada”. Quais as suas conclusões?